Vivemos num período de transformação. É perceptível o esgotamento de várias fontes de recursos naturais que vêm acarretando em mudanças negativas no meio ambiente que afetam diretamente a nossa qualidade de vida. Por muito tempo não se olhou para as possíveis consequências dos ingredientes cosméticos, uma vez que pareciam ser inócuos à nossa saúde e também ao meio ambiente. Mas o tempo mostrou que vários ativos podem provocar alterações na saúde e também afetar o planeta.
Despertei para estas questões anos atrás observando as reações inexplicáveis que alguns pacientes apresentavam como dermatites e reações irritativas sem causa aparente. Formulações aparentemente inocentes não justificavam quadros tão exacerbados. Estudos relatavam quadros semelhantes causados por conservantes, fragrâncias, filtros solares e vários outros ingredientes tão frequentes na composição cosmética, dificultando encontrar o “culpado”. Então, como saber a verdade? Essa minha percepção veio a coincidir com uma onda de questionamentos quanto a segurança dos ativos cosméticos. E também uma maior exigência dos consumidores em entender o que estão comprando. Passou a ser frequente, principalmente nas gerações mais novas, a curiosidade em entender rotulagens, seja dos alimentos assim como dos cosméticos. E assim surge uma nova demanda por cosméticos “naturais” e novos nichos como os cosméticos orgânicos e veganos.
Pelos critérios mais elaborados exigidos para serem reconhecidos como orgânicos ou veganos, além do aspecto ético de não poderem conter ingredientes de origem animal, nem tampouco serem testados em animais. É inegável, assim, um crescente interesse por este mercado. Com isso o termo sustentabilidade também obteve destaque, uma vez que, para serem “ecologicamente corretos” há obrigatoriamente a necessidade de um novo olhar sobre a origem dos ativos cosméticos, de onde vêm, como são produzidos, como são testados e como impactam no meio ambiente. Exemplo recente são as microesferas de polietileno, micro partículas que pareciam tão ingênuas se tornaram a “epidemia do mar de plástico” na Europa e Estados Unidos levando à proibição de sua comercialização e necessidade abrupta de mudança da indústria cosmética em banir o seu uso voltando ao uso de esfoliantes de origem Natural.
Destaco que o termo Natural é um tanto perigoso, pois existem inúmeras interpretações, e também uso abusivo e controverso nos rótulos de muitos ativos e cosméticos acabados, que levam ao consumidor a comprar “gato por lebre”. Sempre destaco que o fato de ser “natural” não necessariamente significa seguro ou livre de reações. Este panorama fez com que nos últimos 6 anos eu mudasse completamente minha maneira de elaborar as receitas de meus pacientes. Precisei mergulhar na origem farmacológica dos ativos e como disse, sua origem, método de obtenção, e como foram testados, pois para uma amante da vida da natureza e dos animais, saber que um ativo cosmético foi testado em centenas de vidas inocentes não faz o menor sentido.
Essa minha busca me levou a estudar os métodos alternativos ao uso de animais, área onde atualmente dedico especial atenção. Além disso, percebi que é necessário pesquisar mais a fundo os fornecedores e fabricantes de matérias-primas, ativos pois muitas não possuem rastreabilidade e comprovação cientifica.
Convido a classe médica a ter um olhar mais crítico em relação aos ativos apresentados, questionarmos a real eficácia e qualidade destes ingredientes para não acabarmos prescrevendo ativos que, sinceramente, podem parecer “mocinhos” e são verdadeiros vilões.
Minha busca então me levou a procurar a fonte e origem dos ativos cosméticos e suplementos orais para entender como são obtidas estas tecnologias. Neste último ano tive a oportunidade de visitar os 4 continentes e entender as semelhanças e diferenças entre os mercados. Desde a Ásia com a cultura milenar versus o continente Americano do Fast Food, da Europa com conceitos amadurecidos e a inovadora Israel. Cada local me ensinou algo interessante e uma ampliação da aplicabilidade dos métodos alternativos.
Gostaria de destacar minha visita à Exsymol, pois este laboratório me chamou a atenção por optar a não fazer testes em animais, quesito essencial para fazer parte de meu receituário. Além de toda a rastreabilidade das fontes das matérias-primas, o que traz reprodutibilidade nos lotes e produção via síntese molecular, há a garantia de uma cadeia de produção que respeita o meio ambiente. Pude participar dos estudos desenvolvidos pela empresa usando modelos de pele artificial, além dos modelos computacionais, que ainda são mais fidedignos e seguros quando traduzem os reais resultados de eficácia no corpo humano sem provocar mortes desnecessárias. O que ficou evidente é que a Exsymol segue as seguintes premissas para o desenvolvimento dos ativos: Segurança, Biodisponibilidade, Reprodutibilidade e ativos que mimetizam o que temos no nosso organismo como silício orgânico biodisponivel (Exsynutriment®, Hyaxel® e Hydroxyprolisilane CN®, entre outros) e peptídeos (Alistin®, OTZ 10, Bio-Arct®). Assim, traz elementos que estarão presentes na fisiologia e bioquímica da pele. Gostei do que vivenciei.
Busco compartilhar meus interesses particulares por meio da plataforma digital que criei, a cosm-eticos.org, onde compartilho com os consumidores-pacientes, com a classe médica e também farmacêutica , os movimentos que a indústria cosmética tem apresentado. Assim, com o intuito de prospectar uma evolução ética e coerente uma vez que, quando falamos de beleza, este termo não é compatível com produtos ineficazes que possam causar danos seja à vida humana, animal ou ao meio ambiente.
Que venhamos todos juntos buscar o verdadeiro sentido da palavra “sustentabilidade”, para que isso também não caia na vala comum dos termos usados como commodities para parecer ser correto sem verdadeiramente sê-lo.
Continuarei na minha busca por empresas responsáveis, comprometidas em oferecer ciência e ética sem crueldade. Será ótimo tê-los comigo nesta jornada!